Infantilização Trans: dos “Ovos Trincados” à Ressocialização
Por Eliza Mondegreen
Tradução de Trans Infantilization, from "Cracked Eggs" to Resocialization — Genspect tal como em 10/4/2024, por Thiago Bolivar
Passe qualquer quantidade de tempo que seja em espaços trans e uma das primeiras coisas que você notará é a infantilização desenfreada.
Há adultos abraçadinhos a brinquedos fofinhos e culpando a passagem pela “segunda puberdade” (desculpa: isso não existe!) por todo tipo de emoção negativa e transgressão social. Eles tentam recriar a infância e os ritos de passagem que nunca vivenciaram: festas do pijama cheias de risadinhas, rosa chiclete, brilho labial brilhante e unhas pintadas, verdade ou desafio, brincadeiras de aprender a fazer a barba e amarrar gravatas. Eles se apegam a hobbies e interesses infantis, como Pokémon ou Tartarugas Ninja Meu Pequeno Pônei, ou se superidentificam com a estética menor de idade do anime. Homens de meia-idade se vestem como meninas de escola, puxando meias com babados até os joelhos ossudos e amarrando laços de fita nos cabelos.
Adultos transidentificados fantasiam sobre recomeços: Ah, se tivessem permitido sua transição antes da puberdade! Tudo teria sido diferente! A fantasia de recomeçar e bloquear a puberdade ajuda a manter intacta a promessa de transição quando, de outra forma, ela desmoronaria. Não é por ser um erro que a transição falhou: ela falhou porque a intervenção farmacêutica me foi negada quando criança. Isso, e as crianças, dão uma cara mais atraente para um movimento que tem problemas com a ótica. Assim, os ativistas alistam as crianças a uma causa adulta, trocando seu futuro aberto por pontos de discussão e cobertura política. Os ativistas correm para junto das crianças e escondem atrás de sua inocência aquilo que há de desagradável no movimento.
Existe também a eterna conversa sobre “ovos” (pessoas que supostamente negam suas identidades trans): o momento em que você percebe que é trans é descrito como “estar chocando” ou “quebrando seu ovo”. Os novos membros são frequentemente chamados ─ ou chamam a si mesmos ─ de “bebês trans”, que precisam ser orientados sobre os caminhos do estranho mundo novo em que se encontram. Muitos dos ativistas esperam que seus sentimentos sejam tratados com luvas de pelica, e ─ de fato ─ muitos adultos acabam por apaziguar os ativistas tal como se eles fossem crianças pequenas agitadas.
Há muitas maneiras de interpretar a desconcertante infantilidade das comunidades trans. “Síndrome de Peter Pan”. Simples imaturidade de sempre. Muitos indivíduos transidentificados parecem ter medo de crescer, como se se preocupassem com a sua capacidade de enfrentar o mundo das responsabilidades adultas. Para estas pessoas, “trans” é um beco sem saída ou um casulo, um substituto para um crescimento e uma mudança significativos. E há alguns homens que parecem fetichizar a infância da mesma forma que fetichizam a feminilidade, alimentando fantasias deturpadas de que deveriam ter deixado morrer de fome.
Mas também há algo mais acontecendo por ali.
A autoinfantilização e a co-infantilização facilitam o processo de ressocialização dentro de novas crenças e novas formas radicais de se relacionar com o mundo.
Costumamos falar das crianças como esponjas, que estão absorvendo o mundo pela primeira vez. Qualquer pessoa que já tenha passado algum tempo com uma criança pequena sabe como as crianças podem maravilhar-se com os acontecimentos comuns e como são abertas ao mundo que as rodeia. Não há nada parecido a isso.
Mas ser tão aberto e sem formação é também ser profundamente vulnerável à manipulação e à distorção. Cultos e movimentos de alto controle muitas vezes tentam induzir essa maleabilidade infantil nos novos membros. Os iniciados – por definição – não sabem nada. Os cultos muitas vezes juntam o recém-chegado a um dos membros experientes (muitas vezes chamados de irmãos mais velhos), que fornecem uma mistura de instrução e vigilância. As atividades de recrutamento para cultos também podem facilitar esse tipo de regressão, como fizeram os Moonies durante os fins de semana de recrutamento repletos de esquetes e cantigas juvenis.
A revelação de que alguém é transgênero dissolve a conexão entre sua vida pré-transição e pós-transição. A vida antes desse ponto era mera subsistência num estado de falsa consciência. Alguém “nasce de novo” como trans.
A transição é, portanto, conceitualizada como um processo de desaprender/reaprender tudo: tudo que você pensou que sabia sobre quem você é, tudo que você pensou que sabia sobre a humanidade, tudo que você pensou que sabia sobre sua família (atenciosa e envolvida ou repressiva e transfóbica?) — sem falar em aprender a ficar em pé e andar de uma forma convincentemente masculina ou feminina, descobrindo quais gestos irão denunciá-lo e quais irão sustentar a ilusão que você está tentando criar…
É assim que o movimento trans conduz as pessoas de volta à infância e é por isso que esse conjunto tóxico de crenças desvenda a psique dos adolescentes e dos adultos da mesma maneira. As percepções, dúvidas e experiências prévias da pessoa não são confiáveis ─ devem, na verdade, ser rejeitadas. A felicidade só pode ser encontrada através da submissão ao mistério do gênero, que a pessoa não está apta a julgar. A infantilidade que isso exige ─ e cria, e impõe ─ é patológica, e não inocente, não importando quantos tons pastéis bonitinhos sejam aplicados. Não é um bug, é parte do programa.
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